terça-feira, 9 de setembro de 2014

Para Lula e Dilma

Lula e Dilma:
Sou uma, apenas uma das milhares de pessoas que foram retiradas à força, ao nascer ou na primeira infância, do convívio materno e paterno, por conta da Lei do Isolamento Compulsório imposto aos pacientes de Hanseníase entre as décadas de 20 a 80 do Século Passado.
Sim, sou uma "filha separada" e voces dois conhecem muitíssimo bem as nossas histórias.
Desde janeiro de 2010, fui em busca de justiça para nosso caso e o Governo Federal sempre nos recebeu com carinho e atenção. Mas o carinho e a atenção, o cafezinho e as audiências, até aqui, não resultaram no COMPROMISSO ASSUMIDO por voces dois.
Agora, estamos perto das eleições novamente e tudo permanece no estudo, nas reuniões, no vai e vem constante que voces impuseram à nossa causa e eu literalmente cansei.
Talvez voces tenham tido boas intenções, mas neste momento, NADA me convence de que cumprirão a palavra dada. 
Cada momento durante estes quatro anos, foi "recheado" de desculpas, de impecilhos, de subjetividades e nós, cidadãos brasileiros, estamos aguardando a indenização justa e reparadora que nenhum de voces consegue cumprir. O que acontece?
Sinto que andam explorando a nossa confiança em momento eleitoral e isso não é bom, não é legal, não é justo, não pode ser verdade.
Portanto, estou sendo clara e objetiva: estou decepcionada.
Mas ainda guardo a certeza das palavras dadas, já que não consigo imaginar que, da altura de seus cargos, mentiram para todos nós.
Como filha separada, peço o meu direito indenizatório.
E se assim não acontecer, me sentirei usada por um governo em quem acreditei e depositei minha confiança.
Ainda dá tempo de mudar esta realidade que voces tem em suas mãos.
E eu aguardo que tomem esta posição.
Não quero mais reuniões ou recados!!
Quero a indenização já, de todos nós, filhos separados!! É um direito, um caminho sem volta que o Governo Federal assumiu conosco e creio, cumprirá.
Mas estou imensamente triste com o descaso. E não me critiquem, porque é verdade.
Porém, assim como dei minha vida por esta indenização, darei o meu tudo para vê-la realizada porque não canso das lutas; apenas posso cansar de acreditar em todos voces.
Teresa Oliveira

3 comentários:

  1. Parabéns Teresa, estamos com você, e o nosso estado do Espírito Santo também tá de olho.

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  2. Considero muito justa a luta desse grupo de filhos separados! Vivenciei nos anos 50/60 e 70 o drama dos meninos do Educandário "Alzira Bley" em Colônia de Itanhenga, Cariacica, ES. Meu pai era funcionário do Hospital Pedro Fontes e nós morávamos num Condomínio Estadual entre o Educandário e o Hospital.Toda tardinha eu ia até o campinho de futebol do Educandário me divertir com a garotada de lá. CHOREI quando em um DIA DAS MÃES presenciei aquelas crianças passarem enfrente minha casa, cada uma com um presentinho nas mãos dirigindo-se até o Hospital. Lá separados por uma tela, fizeram a entrega do presente a um funcionário e ele entregava a mãe daquela criança que estava a uma distância previamente estabelecida. Após todos os presentes serem entregues, acenaram, jogaram beijos, deram meia volta e todos com lágrimas nos olhos retornaram ao local de origem. QUEM A TUDO ASSISTIA (funcionários e familiares) também choraram!

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    1. Por um equívoco meu, o comentário acima foi editado como por "Anônimo". Talvez este também o seja assim, por isto, quero deixar aqui minha identidade: Meu nome é RUBEM DE ALMEIDA CUNHA e sou amigo de ex-internos do Educandário "Alzira Bley".

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